quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Artigo: Novo normal em nossas vidas

 


O alarme do celular avisa: é hora de levantar! Vamos lá, iniciar mais uma jornada diária. O tempo parece diferente, mas as horas são ainda mais frenéticas que antes... Olho a agenda do celular e me surpreendo com a quantidade de videoconferências do dia, e dos afazeres que a tecnologia ajuda a não esquecer. Mas seguindo confiante, repetindo a mim mesma que tudo será muito profícuo, fico alguns instantes imersa em meus pensamentos enquanto tomo uma xícara de café, preparando-me para os desafios diários. 

Nestes 18 meses desde o primeiro caso registrado de Covid-19 em terras brasileiras, o País ultrapassou a marca de 20 milhões de casos confirmados e está prestes a atingir - infelizmente - 600 mil mortes em decorrência da doença. São perdas irreparáveis, cujas famílias enlutadas precisarão de atenção para serem trabalhadas emocionalmente. Cicatrizes doídas que ainda machucam, mas que o tempo há de aliviar.

As marcas da pandemia estão em nossos corações e nossas vidas. Nossa rotina enfrentou inúmeras rupturas. Estamos vivenciando quebras de paradigmas a cada instante, e os reflexos são inimagináveis.

Lembro-me também de toda a reviravolta que tivemos que lidar em virtude das medidas de contenção e prevenção, como isolamento social, quarentena e restrições. Mas como seres com imensa capacidade de nos adaptarmos às mudanças, vamos nos adequando e nos acostumando com novos hábitos desse “novo normal”.

Aliás, a adaptabilidade é uma das habilidades vitais e necessárias neste momento pandêmico, estando em alta dentro do conceito das habilidades socioemocionais. Mais do que nunca, tivemos que aprender a negociar com os desafios do dia-a-dia, a termos novas posturas frente às situações buscando respeitar a si e aos outros para maior assertividade.

Todos tivemos as vidas alteradas.  A população brasileira vem sentindo as mudanças impostas pelo momento pandêmico em todas as áreas, em todas as idades e classes sociais. E em minhas reflexões, procuro perceber o que há de bom nisso tudo, o que podemos aprender frente a esses novos desafios, ou seja, mudanças de hábitos e novas formas de encarar a vida. Sempre é possível ver o lado bom das coisas.

E tivemos que lidar com algo que nem sempre é fácil de compreender: o fato de que nem sempre estamos no controle das coisas, e que não temos a resposta certa para tudo. Adaptar-se a isso, com criatividade, empatia, ética e paciência é fundamental.

Em meus momentos de reflexão, procuro respostas do porquê estamos passando por este período tão complexo e desafiador em nossa existência. Onde erramos? O que devemos fazer? Até onde podemos chegar? São perguntas fundamentais para que este novo normal não tenha que ser tão pesado e com as sombras do risco de uma nova onda pandêmica. Tudo depende de nós.

Além de nos reinventarmos em nossas profissões, precisamos nos reconstruir como seres humanos. Precisamos buscar o que é essencial para a humanidade e acreditar que é possível ainda recuperar nosso planeta.

Afinal, toda ação tem uma consequência. É como aquela canção “cada escolha, uma renúncia, isso é a vida…” E neste momento, mais do que nunca, o ser humano precisa renunciar o individualismo e escolher a coletividade.

Com a possibilidade de maior flexibilização, com mais atividades econômicas sendo retomadas e mais pessoas circulando, não podemos deixar o medo nos abater. No entanto, precisamos ter cautela nessa retomada, mantermos ligado o nosso senso de coletividade para nos cuidarmos e termos atitudes que sejam positivas, que permitam o bem-estar de todos.

 

Priscilla Bonini Ribeiro é educadora, pesquisadora, doutora em Tecnologia Ambiental, mestre em Educação e diretora-geral da Unaerp Campus Guarujá. Foi Conselheira Estadual de Educação de São Paulo por dois mandatos, presidente da UNDIME (União dos Dirigentes Municipais de Educação do Estado de São Paulo) e ex-Secretária Municipal de Educação em Guarujá (SP).


terça-feira, 10 de agosto de 2021

Artigo "Pandemia causou déficit pedagógico em crianças e adolescentes"


Meu mais recente artigo "Pandemia causou déficit pedagógico em crianças e adolescentes", que avalia efeitos da pandemia na Educação, foi publicado nos jornais e portais:

• Jornal Cruzeiro do Sul
• Portal Segs
• Portal ABC Paulista
• O Grande ABC
• Alô Frutal
• BoqNews
• Gazeta Regional
• Suzano TV
• Acontece
• Portal Atibaia News
• ABC Agora


Agradeço a todos pelo espaço.
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Precisamos discutir com atenção ainda maior os efeitos da pandemia na Educação. A participação da família e dos professores, unidos no mesmo propósito, será fundamental neste retorno, como foi em todo o processo mediado por tecnologia durante o momento de pandemia.


Segue o artigo na íntegra:

Pandemia causou déficit pedagógico em crianças e jovens

Há mais de um ano, profissionais da educação de todo o mundo se preocupam com os efeitos da pandemia de coronavirus. Segundo relatório do Banco Mundial, mais de 1,5 bilhão de alunos ficaram sem estudos presenciais em 160 países desde março de 2020.

De acordo com levantamento do Unicef divulgado em novembro de 2020 quase 1,5 milhão de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos não frequentavam a escola no Brasil, enquanto outros 3,7 milhões de matriculados não tiveram acesso a qualquer tipo de atividade escolar e também não conseguiram estudar em casa.

Em algumas regiões, a proposta de ensino à distância durante a pandemia não se mostrou eficiente, uma vez que 4,1 milhões de estudantes da rede pública não tiveram acesso à internet em casa, por razões econômicas como o custo do aparelho (celular ou computador) ou do serviço, ou por falta de conhecimento sobre a utilização.

O que deixa os educadores ainda mais preocupados é que mais de 25% dos jovens que cursavam o ensino médio já pensou em não voltar para a escola ao final do período de suspensão das aulas, de acordo com estudo realizado pelo Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) e por parceiros.

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Unibanco e por dois economistas do Insper divulgado no dia 1º de junho e que traz como tema “Perda de aprendizagem na pandemia”, estudantes do ensino médio da rede estadual de todo o país começaram o ano letivo de 2021 com proficiência em língua portuguesa e matemática 9 a 10 pontos a menos do que o esperado na escala do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) se as aulas presenciais não tivessem sido suspensas por causa da pandemia.

Um dos objetivos da reformulação do currículo no ensino médio no Estado de São Paulo, homologado no ano passado, foi criar um modelo mais atrativo para tentar reduzir a evasão escolar. No entanto, com a pandemia, os problemas com o déficit de aprendizagem e de evasão escolar se agravaram. Da mesma forma, a educação básica também foi afetada por essas questões.

A falta do ambiente de aprendizagem também está afetando crianças da pré-escola (entre 4 e 5 anos, que são as que mais sentem os efeitos da suspensão das aulas presenciais, pois é nessa idade que aprendem com as interações entre as pessoas, pelas vivências com o ambiente e com atividades lúdicas que estimulem a criatividade, os sentidos e a imaginação.

A primeira ação para a volta às aulas é cumprir um protocolo adequado, criando um ambiente de segurança para alunos, professores e funcionários. A partir disso, deve-se trabalhar esses processos avaliativos para mensurar de forma bem assertiva o déficit do aluno.

Com esse diagnóstico feito por série de ensino, os educadores envolvidos devem criar um plano de recuperação das habilidades que não se enquadrem no padrão adequado da série em questão.

Sabemos que o retorno não será fácil, mas extremamente importante para a educação. A participação da família e dos professores, unidos no mesmo propósito, será fundamental neste retorno, como foi em todo o processo mediado por tecnologia durante o momento de pandemia.


Priscilla Bonini Ribeiro é educadora, pesquisadora, doutora em Tecnologia Ambiental, mestre em Educação e diretora-geral da Unaerp Campus Guarujá. Foi Conselheira Estadual de Educação de São Paulo por dois mandatos, presidente da UNDIME (União dos Dirigentes Municipais de Educação do Estado de São Paulo) e ex-Secretária Municipal de Educação em Guarujá (SP).