Artigo publicado no jornal A Tribuna,
edição de 18 de abril de 2021
Toda manhã acordo, agradeço, peço a Deus força, fé e sabedoria. Busco refletir sobre o intangível e procuro reavivar a crença na arma mais poderosa chamada Educação, num contexto tão complexo em que estamos enfrentando.
Em minhas reflexões creio que, para um País se desenvolver de forma sustentável, a bandeira da Educação deve ser prioridade, se sobrepondo às bandeiras partidárias, ideológicas ou mercadológicas. E convido você, caro(a) leitor(a), a refletirmos juntos sobre isso.
As grandes mazelas no Sistema Educacional Brasileiro foram objeto de inúmeras pesquisas para diagnóstico e soluções, porém, quantos educadores e gestores já não se sentiram impotentes, diante de um sistema que parece fixar entraves que prejudicam avanços educacionais?
Antes da pandemia, lutávamos para que o Plano Nacional da Educação 2020 – um importante avanço educacional na última década - pudesse se tornar realidade. Embora grande parte das metas não haviam sido alcançadas, o Brasil caminhava neste sentido, apesar da defasagem histórica. Fiz parte do processo de elaboração do Plano Municipal de Educação de Guarujá e do Plano Estadual de Educação, e sei da relevância deste processo.
Diante de tantas adversidades e realidades tão distintas em nosso País, fomos surpreendidos com os desafios que o novo coronavírus nos impôs. Inclusive no meu artigo “As crises da Pandemia”, em abril do ano passado, refletia sobre como um vírus poderia transformar tão repentinamente nossa realidade e, naquele instante, não imaginávamos quantas perdas nos afligiriam, tudo o que passaríamos desde então.
Cerca de 1,5 bilhão de alunos em todo o Mundo foram impactados com o fechamento das escolas no ano passado. Educadores, gestores, alunos, famílias precisaram se reinventar, e diversos recursos foram usados para conectar alunos com o conhecimento. Porém, a falta de acesso à internet, níveis diferentes de suporte familiar, desigualdades sociais e de vulnerabilidade resultaram em barreiras de exclusão.
Segundo estudos citados no Relatório Anual de Acompanhamento do Educação Já, do Todos pela Educação, há previsão de perdas de aprendizagem, prejuízos ao desenvolvimento estudantil na Educação Básica e ainda, aumento de evasão e redução da escolaridade, entre outros impactos. É imperativo considerarmos outras demandas, como as questões socioemocionais por exemplo, que ampliam a necessidade de um olhar atento.
É preciso resetar nossa compreensão de Educação! Implementar processos avaliativos que indiquem o desempenho do aprendizado, pôr em prática metodologias para recuperação dos conteúdos e competências. Conhecendo o passado e entendendo o presente, podemos traçar novas diretrizes.
Não podemos deixar de acreditar na força da Educação, porém, sem estabelecê-la como prioridade, será ainda mais impraticável priorizar medidas e estratégias para retomada do curso evolutivo da Educação em nosso País.
O maior desafio pós-pandemia será superar um déficit educacional composto, ou seja, um déficit pandêmico aplicado sobre um déficit educacional que já existia antes.
Priscilla Bonini Ribeiro - Educadora, doutora em Tecnologia Ambiental, mestre em Educação, diretora geral da Unaerp Campus Guarujá, ex-conselheira estadual de Educação, ex-secretária de Educação do Município de Guarujá, ex-presidente da Região Sudeste da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e ex-presidente da Undime São Paulo.
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