Com o retorno das aulas presenciais, a comunidade educacional tem consciência de que o período em que o processo de ensino e aprendizagem foi mediado por tecnologia possui pontos positivos e negativos. Muitas experiências exitosas trazidas pela tecnologia serão naturalmente incorporadas na nova didática utilizada na sala de aula presencial. O reinventar da educação se mostrou criativo e superou grandes obstáculos.
A saúde mental de alunos e professores sem dúvida é uma das principais preocupações em nossos dias. Além disso, é preciso lidar e tentar minimizar os impactos do distanciamento social e escolar e também do retorno às aulas. No caso das crianças, será necessário trabalhar a parte emocional daquelas que viveram esse período em famílias com conflitos.
Os professores devem trabalhar nos alunos a sensação de pertencimento à escola e à comunidade, aproveitando a motivação de cada um sobre os interesses que já existiam e despertando neles a curiosidade para desenvolverem sua paixão e propósito.
As dificuldades do ensino público para se adequar às necessidades de alunos e professores durante a pandemia foram muito maiores que na rede privada. A burocracia e a dimensão física das redes públicas foram os principais fatores que contribuíram para agravar essas dificuldades.
Enquanto as instituições privadas focaram suas ações na aquisição de equipamentos para o uso de plataformas de aula online e desenvolvimento de suas equipes escolares para o ensino remoto, as públicas, na sua maioria, se viram obrigadas a paralisar suas atividades por falta de recursos.
Em maio deste ano, com 100 dias letivos, as redes privadas de todos os estados já contavam com o ensino híbrido (presencial e remoto). As escolas públicas, por outro lado, estavam vetadas por não garantirem as condições ideais de infraestrutura para abrirem em segurança. O impacto dessa diferença poderá ser notado nas provas do Enem, que acontecem em novembro.
Além disso, a maioria dos estudantes da rede pública precisa conciliar trabalho e estudo. Muitos deles, por não terem perspectiva de um futuro melhor, ou deixam de se esforçar ou abandonam os estudos. Realidade bem diferente do aluno de instituição particular, que tem todo o apoio e recursos para trilhar seu caminho rumo à universidade.
Soma-se a isso a falta de incentivo e de infraestrutura de qualidade no ensino público, o que faz com que professores e coordenadores sejam vistos de uma ótica negativa. Uma pesquisa feita recentemente pelo IBGE revelou que 48% dos professores não recomendam a profissão para outras pessoas, sendo os principais motivos a baixa remuneração e a não valorização da profissão.
Apesar desses entraves, neste momento em que a pandemia vem desacelerando rapidamente, existe uma expectativa muito grande de que a tecnologia e os professores sejam os impulsionadores dessa árdua tarefa de recompor as perdas educacionais. A quarentena mostrou como a tecnologia se somou à educação, que até então vinha caminhando lentamente nessa questão.
A tecnologia foi fundamental para levar a escola para dentro da casa dos alunos, no sentido de tornar a aula mais atrativa para crianças, adolescentes e jovens que estão conectados, compondo um cenário educacional, ao mesmo tempo que facilitou o processo e ajudou a desenvolver um ambiente mais criativo e empreendedor.
No entanto, mais importante do que o uso da tecnologia é o papel do professor, que é o mediador de toda a aprendizagem. Sua atuação é imprescindível, pois é ele quem traz o afeto e a humanidade ao processo. Ao usar a tecnologia de forma assertiva, o profissional deverá conduzir todo o processo focando nas relações humanas.
Para que haja um ensino consistente, expressivo, associado à aprendizagem significativa e à ampliação do repertório do aluno, caberá ao professor, com apoio dos gestores educacionais, oferecer vivências que possibilitarão a ampliação da qualidade do ensino.
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