Artigo publicado em julho de 2022
Quem diria que um inimigo invisível atingiria de forma tão violenta nosso mundo. Especificamente no nosso País, estávamos lutando para colocar em prática as estratégias para atingirmos as metas pactuadas pelo Plano Nacional de Educação 2020. Grande parte dessas metas ainda não haviam sido alcançadas e, depois de dois anos de pandemia, os números e as análises que se chegam não são nada animadores.
Com a escrita, procuro me libertar das angústias de um cenário tão complexo e refletir sobre concepções para o futuro.
Focando em uma das metas do PNE para o Ensino Superior, que é a de inserção dos jovens de 18 a 24 anos na universidade, o Plano Nacional de Educação havia estabelecido como objetivo até 2024 ter 33% dos brasileiros nessa faixa etária estudando um curso superior. Porém, um levantamento recente da Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior (ABMES) e da Educa Insights aponta que essa meta só deverá ser atingida em 2040. Isso representa, infelizmente, 16 anos de atraso.
Comparando com os dados de 2019, ou seja, antes da pandemia, essa meta já estava desacelerando, com a expectativa de atingimento em 2037. Ainda não temos a real visão dos impactos pandêmicos em nosso País, mas a projeção indica que os números sejam piores. Isso pode comprometer o desenvolvimento de conhecimento, tecnologia e produção científica no futuro caso nada de novo seja implementado.
Fiz parte da elaboração do Plano Estadual de Educação e do Plano Municipal de Educação de Guarujá e sei da relevância deste processo. Por isso, me entristece ver essa dura realidade. Em abril de 2021, no meu artigo “Recesso Pandêmico”, já avaliava a necessidade de superarmos o que denominei de déficit educacional composto, ou seja, um déficit pandêmico aplicado sobre um déficit educacional que já existia antes.
Há necessidade urgente de priorizar a Educação, em todos os níveis. Mas nesse caso específico do Ensino Superior, precisamos incrementar novas políticas de incentivo, ou ajustar as já existentes, que realmente permitam o acesso dos jovens e os motivem a continuarem seus estudos e, dessa forma, retomar as metas e avanços do PNE estabelecidos anos atrás. É crucial também agirmos para diminuir a evasão e trazer de volta os jovens que enfrentaram barreiras durante a pandemia para se manterem nos bancos acadêmicos.
É preciso resetar nossa compreensão das ações educacionais, e fazermos um novo pacto pela Educação. A luta contra o déficit educacional deve ser encampada por toda a sociedade, por gestores e educadores, e deve sobrepor todas as bandeiras partidárias. Juntos precisamos de um novo esforço coletivo para desenvolvermos políticas públicas e implementarmos novas práticas visando diminuir esse déficit tão danoso para o futuro de nossa Nação e garantirmos aos nossos jovens a realização do sonho do diploma universitário.
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