quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Ilha dos Arvoredos - Paraíso da Sustentabilidade

 Artigo publicado em setembro de 2022



O grande sonho de todo cientista é ter seu projeto inovador de pesquisa aplicado à realidade. Seja na descoberta de um novo medicamento que traga a cura para uma doença, ou um produto que solucione uma demanda existente, ou um mecanismo que transforme a vida das pessoas através de novos conhecimentos. Isso é “Pesquisa em Benefício da Humanidade”.


Este é o lema da Fundação Fernando Eduardo Lee, que mantém a missão da Ilha dos Arvoredos, rochedo localizado a 1,6 km da costa de Guarujá/SP, onde lidero um grupo de pesquisadores. Muito mais do que apenas um cartão postal da cidade, a Ilha reúne projetos ambientais e científicos e um passado muito pitoresco. 


A história da Ilha dos Arvoredos, paraíso da Sustentabilidade, tem início nas décadas de 1950 e 1960 a partir do pioneirismo e do sonho de vida do engenheiro Fernando Eduardo Lee. Lá, ele desenvolveu pesquisas em energias alternativas e sustentabilidade, criou soluções arquitetônicas para torná-la autossustentável em água potável e realizou diversos experimentos em fauna e flora, transformando-a em uma verdadeira ilha encantada e um centro de estudos a céu aberto. Antes de falecer, Fernando Lee criou a Fundação que leva seu nome. 


Dando sequência ao trabalho, a universidade Unaerp Guarujá, em parceria com a Fundação, vem realizando há mais de duas décadas diversas pesquisas científicas na ilha, com o objetivo de continuar o legado desse patrimônio ambiental, científico e cultural. 


São estudos como o do Horto Medicinal, onde se investiga a efetividade terapêutica de plantas medicinais cultivadas neste ambiente costeiro. Outro exemplo são projetos na área de Engenharia, que analisam as estruturas arquitetônicas em concreto armado presentes na Ilha quanto à agressividade do ambiente marinho. 


Experimentos com energias renováveis também tiveram a Ilha como objeto de estudo, bem como a diversidade biótica. Nos levantamentos históricos, foi possível perceber que a experiência com uma planta originária da Mata Atlântica, a Neumarica caerulea, introduzida na Ilha para solucionar problemas de erosão, rendeu na década de 1980 a Fernando Lee o prêmio Hugh Hammond Bennet International, concedido pela organização internacional Soil Conservation Society pelo trabalho de conservação do solo.


Este palco diversificado de produção científica e de observação da Sustentabilidade na prática também me instigou. Como educadora, em minha tese de doutorado, criei um modelo de Educação Ambiental, por meio de metodologias ativas, em que a Ilha dos Arvoredos é o cenário propício para o processo de ensino-aprendizagem sobre novas atitudes ambientais. Pois a interação com a Ilha e contato com toda essa dinâmica ambiental certamente impacta e se torna uma experiência única e transformadora na vida das pessoas. 


A partir desse modelo educacional, e graças à parceria entre a Fundação Fernando Eduardo Lee e Instituto Nova Maré, minha pesquisa tornou-se realidade. O projeto Mundo Sustentável atualmente possibilita o contato do público com a Ilha em visitas educacionais e turismo ecológico, convidando as pessoas a aprenderem conceitos como sustentabilidade, gestão de resíduos sólidos e educação ambiental. Tudo isso está presente no livro "Ilha dos Arvoredos - Paraíso da Sustentabilidade", que lancei no início do ano.  


Nossa maior esperança é que cada vez mais pessoas do nosso País e de outras nacionalidades conheçam a Ilha, participem do Projeto Mundo Sustentável, e sintam a energia que está presente em cada rocha, em cada folha das árvores, em cada brisa do mar. E assim poderemos completar nossa missão de Pesquisa em Benefício da Humanidade, pensando nas futuras gerações.


Priscilla Bonini Ribeiro é educadora, doutora em Tecnologia Ambiental, mestre em Educação, diretora-geral da Unaerp Campus Guarujá e pesquisadora da Fundação Fernando Eduardo Lee.


quinta-feira, 14 de julho de 2022

‘Resetar’ é necessário

Artigo publicado em julho de 2022






Quem diria que um inimigo invisível atingiria de forma tão violenta nosso mundo. Especificamente no nosso País, estávamos lutando para colocar em prática as estratégias para atingirmos as metas pactuadas pelo Plano Nacional de Educação 2020. Grande parte dessas metas ainda não haviam sido alcançadas e, depois de dois anos de pandemia, os números e as análises que se chegam não são nada animadores.


Com a escrita, procuro me libertar das angústias de um cenário tão complexo e refletir sobre concepções para o futuro.


Focando em uma das metas do PNE para o Ensino Superior, que é a de inserção dos jovens de 18 a 24 anos na universidade, o Plano Nacional de Educação havia estabelecido como objetivo até 2024 ter 33% dos brasileiros nessa faixa etária estudando um curso superior. Porém, um levantamento recente da Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior (ABMES) e da Educa Insights aponta que essa meta só deverá ser atingida em 2040. Isso representa, infelizmente, 16 anos de atraso. 


Comparando com os dados de 2019, ou seja, antes da pandemia, essa meta já estava desacelerando, com a expectativa de atingimento em 2037. Ainda não temos a real visão dos impactos pandêmicos em nosso País, mas a projeção indica que os números sejam piores. Isso pode comprometer o desenvolvimento de conhecimento, tecnologia e produção científica no futuro caso nada de novo seja implementado. 


Fiz parte da elaboração do Plano Estadual de Educação e do Plano Municipal de Educação de Guarujá e sei da relevância deste processo. Por isso, me entristece ver essa dura realidade. Em abril de 2021, no meu artigo “Recesso Pandêmico”, já avaliava a necessidade de superarmos o que denominei de déficit educacional composto, ou seja, um déficit pandêmico aplicado sobre um déficit educacional que já existia antes. 


Há necessidade urgente de priorizar a Educação, em todos os níveis. Mas nesse caso específico do Ensino Superior, precisamos incrementar novas políticas de incentivo, ou ajustar as já existentes, que realmente permitam o acesso dos jovens e os motivem a continuarem seus estudos e, dessa forma, retomar as metas e avanços do PNE estabelecidos anos atrás. É crucial também agirmos para diminuir a evasão e trazer de volta os jovens que enfrentaram barreiras durante a pandemia para se manterem nos bancos acadêmicos.


É preciso resetar nossa compreensão das ações educacionais, e fazermos um novo pacto pela Educação. A luta contra o déficit educacional deve ser encampada por toda a sociedade, por gestores e educadores, e deve sobrepor todas as bandeiras partidárias. Juntos precisamos de um novo esforço coletivo para desenvolvermos políticas públicas e implementarmos novas práticas visando diminuir esse déficit tão danoso para o futuro de nossa Nação e garantirmos aos nossos jovens a realização do sonho do diploma universitário.



Priscilla Bonini Ribeiro - Educadora, doutora em Tecnologia Ambiental, mestre em Educação, diretora geral da Unaerp Campus Guarujá, ex-conselheira estadual de Educação, ex-secretária de Educação do Município de Guarujá, ex-presidente da Região Sudeste da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e ex-presidente da Undime São Paulo.


quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Os novos desafios da educação



Com o retorno das aulas presenciais, a comunidade educacional tem consciência de que o período em que o processo de ensino e aprendizagem foi mediado por tecnologia possui pontos positivos e negativos. Muitas experiências exitosas trazidas pela tecnologia serão naturalmente incorporadas na nova didática utilizada na sala de aula presencial. O reinventar da educação se mostrou criativo e superou grandes obstáculos.

A saúde mental de alunos e professores sem dúvida é uma das principais preocupações em nossos dias. Além disso, é preciso lidar e tentar minimizar os impactos do distanciamento social e escolar e também do retorno às aulas. No caso das crianças, será necessário trabalhar a parte emocional daquelas que viveram esse período em famílias com conflitos.

Os professores devem trabalhar nos alunos a sensação de pertencimento à escola e à comunidade, aproveitando a motivação de cada um sobre os interesses que já existiam e despertando neles a curiosidade para desenvolverem sua paixão e propósito.

As dificuldades do ensino público para se adequar às necessidades de alunos e professores durante a pandemia foram muito maiores que na rede privada. A burocracia e a dimensão física das redes públicas foram os principais fatores que contribuíram para agravar essas dificuldades. 

Enquanto as instituições privadas focaram suas ações na aquisição de equipamentos para o uso de plataformas de aula online e desenvolvimento de suas equipes escolares para o ensino remoto, as públicas, na sua maioria, se viram obrigadas a paralisar suas atividades por falta de recursos.

Em maio deste ano, com 100 dias letivos, as redes privadas de todos os estados já contavam com o ensino híbrido (presencial e remoto). As escolas públicas, por outro lado, estavam vetadas por não garantirem as condições ideais de infraestrutura para abrirem em segurança. O impacto dessa diferença poderá ser notado nas provas do Enem, que acontecem em novembro. 

Além disso, a maioria dos estudantes da rede pública precisa conciliar trabalho e estudo. Muitos deles, por não terem perspectiva de um futuro melhor, ou deixam de se esforçar ou abandonam os estudos. Realidade bem diferente do aluno de instituição particular, que tem todo o apoio e recursos para trilhar seu caminho rumo à universidade.

Soma-se a isso a falta de incentivo e de infraestrutura de qualidade no ensino público, o que faz com que professores e coordenadores sejam vistos de uma ótica negativa. Uma pesquisa feita recentemente pelo IBGE revelou que 48% dos professores não recomendam a profissão para outras pessoas, sendo os principais motivos a baixa remuneração e a não valorização da profissão.

Apesar desses entraves, neste momento em que a pandemia vem desacelerando rapidamente, existe uma expectativa muito grande de que a tecnologia e os professores sejam os impulsionadores dessa árdua tarefa de recompor as perdas educacionais. A quarentena mostrou como a tecnologia se somou à educação, que até então vinha caminhando lentamente nessa questão. 

A tecnologia foi fundamental para levar a escola para dentro da casa dos alunos, no sentido de tornar a aula mais atrativa para crianças, adolescentes e jovens que estão conectados, compondo um cenário educacional, ao mesmo tempo que facilitou o processo e ajudou a desenvolver um ambiente mais criativo e empreendedor. 

No entanto, mais importante do que o uso da tecnologia é o papel do professor, que é o mediador de toda a aprendizagem. Sua atuação é imprescindível, pois é ele quem traz o afeto e a humanidade ao processo. Ao usar a tecnologia de forma assertiva, o profissional deverá conduzir todo o processo focando nas relações humanas. 

Para que haja um ensino consistente, expressivo, associado à aprendizagem significativa e à ampliação do repertório do aluno, caberá ao professor, com apoio dos gestores educacionais, oferecer vivências que possibilitarão a ampliação da qualidade do ensino.


Priscilla Bonini Ribeiro é educadora, pesquisadora, doutora em Tecnologia Ambiental, mestre em Educação e diretora-geral da Unaerp Campus Guarujá. Foi Conselheira Estadual de Educação de São Paulo por dois mandatos, presidente da UNDIME (União dos Dirigentes Municipais de Educação do Estado de São Paulo) e ex-Secretária Municipal de Educação em Guarujá (SP).

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Artigo: Novo normal em nossas vidas

 


O alarme do celular avisa: é hora de levantar! Vamos lá, iniciar mais uma jornada diária. O tempo parece diferente, mas as horas são ainda mais frenéticas que antes... Olho a agenda do celular e me surpreendo com a quantidade de videoconferências do dia, e dos afazeres que a tecnologia ajuda a não esquecer. Mas seguindo confiante, repetindo a mim mesma que tudo será muito profícuo, fico alguns instantes imersa em meus pensamentos enquanto tomo uma xícara de café, preparando-me para os desafios diários. 

Nestes 18 meses desde o primeiro caso registrado de Covid-19 em terras brasileiras, o País ultrapassou a marca de 20 milhões de casos confirmados e está prestes a atingir - infelizmente - 600 mil mortes em decorrência da doença. São perdas irreparáveis, cujas famílias enlutadas precisarão de atenção para serem trabalhadas emocionalmente. Cicatrizes doídas que ainda machucam, mas que o tempo há de aliviar.

As marcas da pandemia estão em nossos corações e nossas vidas. Nossa rotina enfrentou inúmeras rupturas. Estamos vivenciando quebras de paradigmas a cada instante, e os reflexos são inimagináveis.

Lembro-me também de toda a reviravolta que tivemos que lidar em virtude das medidas de contenção e prevenção, como isolamento social, quarentena e restrições. Mas como seres com imensa capacidade de nos adaptarmos às mudanças, vamos nos adequando e nos acostumando com novos hábitos desse “novo normal”.

Aliás, a adaptabilidade é uma das habilidades vitais e necessárias neste momento pandêmico, estando em alta dentro do conceito das habilidades socioemocionais. Mais do que nunca, tivemos que aprender a negociar com os desafios do dia-a-dia, a termos novas posturas frente às situações buscando respeitar a si e aos outros para maior assertividade.

Todos tivemos as vidas alteradas.  A população brasileira vem sentindo as mudanças impostas pelo momento pandêmico em todas as áreas, em todas as idades e classes sociais. E em minhas reflexões, procuro perceber o que há de bom nisso tudo, o que podemos aprender frente a esses novos desafios, ou seja, mudanças de hábitos e novas formas de encarar a vida. Sempre é possível ver o lado bom das coisas.

E tivemos que lidar com algo que nem sempre é fácil de compreender: o fato de que nem sempre estamos no controle das coisas, e que não temos a resposta certa para tudo. Adaptar-se a isso, com criatividade, empatia, ética e paciência é fundamental.

Em meus momentos de reflexão, procuro respostas do porquê estamos passando por este período tão complexo e desafiador em nossa existência. Onde erramos? O que devemos fazer? Até onde podemos chegar? São perguntas fundamentais para que este novo normal não tenha que ser tão pesado e com as sombras do risco de uma nova onda pandêmica. Tudo depende de nós.

Além de nos reinventarmos em nossas profissões, precisamos nos reconstruir como seres humanos. Precisamos buscar o que é essencial para a humanidade e acreditar que é possível ainda recuperar nosso planeta.

Afinal, toda ação tem uma consequência. É como aquela canção “cada escolha, uma renúncia, isso é a vida…” E neste momento, mais do que nunca, o ser humano precisa renunciar o individualismo e escolher a coletividade.

Com a possibilidade de maior flexibilização, com mais atividades econômicas sendo retomadas e mais pessoas circulando, não podemos deixar o medo nos abater. No entanto, precisamos ter cautela nessa retomada, mantermos ligado o nosso senso de coletividade para nos cuidarmos e termos atitudes que sejam positivas, que permitam o bem-estar de todos.

 

Priscilla Bonini Ribeiro é educadora, pesquisadora, doutora em Tecnologia Ambiental, mestre em Educação e diretora-geral da Unaerp Campus Guarujá. Foi Conselheira Estadual de Educação de São Paulo por dois mandatos, presidente da UNDIME (União dos Dirigentes Municipais de Educação do Estado de São Paulo) e ex-Secretária Municipal de Educação em Guarujá (SP).


terça-feira, 10 de agosto de 2021

Artigo "Pandemia causou déficit pedagógico em crianças e adolescentes"


Meu mais recente artigo "Pandemia causou déficit pedagógico em crianças e adolescentes", que avalia efeitos da pandemia na Educação, foi publicado nos jornais e portais:

• Jornal Cruzeiro do Sul
• Portal Segs
• Portal ABC Paulista
• O Grande ABC
• Alô Frutal
• BoqNews
• Gazeta Regional
• Suzano TV
• Acontece
• Portal Atibaia News
• ABC Agora


Agradeço a todos pelo espaço.
.
Precisamos discutir com atenção ainda maior os efeitos da pandemia na Educação. A participação da família e dos professores, unidos no mesmo propósito, será fundamental neste retorno, como foi em todo o processo mediado por tecnologia durante o momento de pandemia.


Segue o artigo na íntegra:

Pandemia causou déficit pedagógico em crianças e jovens

Há mais de um ano, profissionais da educação de todo o mundo se preocupam com os efeitos da pandemia de coronavirus. Segundo relatório do Banco Mundial, mais de 1,5 bilhão de alunos ficaram sem estudos presenciais em 160 países desde março de 2020.

De acordo com levantamento do Unicef divulgado em novembro de 2020 quase 1,5 milhão de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos não frequentavam a escola no Brasil, enquanto outros 3,7 milhões de matriculados não tiveram acesso a qualquer tipo de atividade escolar e também não conseguiram estudar em casa.

Em algumas regiões, a proposta de ensino à distância durante a pandemia não se mostrou eficiente, uma vez que 4,1 milhões de estudantes da rede pública não tiveram acesso à internet em casa, por razões econômicas como o custo do aparelho (celular ou computador) ou do serviço, ou por falta de conhecimento sobre a utilização.

O que deixa os educadores ainda mais preocupados é que mais de 25% dos jovens que cursavam o ensino médio já pensou em não voltar para a escola ao final do período de suspensão das aulas, de acordo com estudo realizado pelo Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) e por parceiros.

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Unibanco e por dois economistas do Insper divulgado no dia 1º de junho e que traz como tema “Perda de aprendizagem na pandemia”, estudantes do ensino médio da rede estadual de todo o país começaram o ano letivo de 2021 com proficiência em língua portuguesa e matemática 9 a 10 pontos a menos do que o esperado na escala do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) se as aulas presenciais não tivessem sido suspensas por causa da pandemia.

Um dos objetivos da reformulação do currículo no ensino médio no Estado de São Paulo, homologado no ano passado, foi criar um modelo mais atrativo para tentar reduzir a evasão escolar. No entanto, com a pandemia, os problemas com o déficit de aprendizagem e de evasão escolar se agravaram. Da mesma forma, a educação básica também foi afetada por essas questões.

A falta do ambiente de aprendizagem também está afetando crianças da pré-escola (entre 4 e 5 anos, que são as que mais sentem os efeitos da suspensão das aulas presenciais, pois é nessa idade que aprendem com as interações entre as pessoas, pelas vivências com o ambiente e com atividades lúdicas que estimulem a criatividade, os sentidos e a imaginação.

A primeira ação para a volta às aulas é cumprir um protocolo adequado, criando um ambiente de segurança para alunos, professores e funcionários. A partir disso, deve-se trabalhar esses processos avaliativos para mensurar de forma bem assertiva o déficit do aluno.

Com esse diagnóstico feito por série de ensino, os educadores envolvidos devem criar um plano de recuperação das habilidades que não se enquadrem no padrão adequado da série em questão.

Sabemos que o retorno não será fácil, mas extremamente importante para a educação. A participação da família e dos professores, unidos no mesmo propósito, será fundamental neste retorno, como foi em todo o processo mediado por tecnologia durante o momento de pandemia.


Priscilla Bonini Ribeiro é educadora, pesquisadora, doutora em Tecnologia Ambiental, mestre em Educação e diretora-geral da Unaerp Campus Guarujá. Foi Conselheira Estadual de Educação de São Paulo por dois mandatos, presidente da UNDIME (União dos Dirigentes Municipais de Educação do Estado de São Paulo) e ex-Secretária Municipal de Educação em Guarujá (SP).

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Artigo Retrocesso Pandêmico na Educação é publicado em jornais e portais

 Um novo artigo que refleti sobre o Retrocesso Pandêmico na Educação foi publicado nos jornais e portais:

. Diário de Taubaté (SP)
. Jornal Cruzeiro do Sul (SP)
. JCNET (SP)
. BoqNews (SP)
. Portal Segs (SP)
. Alto Tietê Grupo Agora (SP)
. EI Diário (SP)
. Suzano 24 horas (SP)
. Suzano TV (SP)
. Portal Atibaia News (SP)
. JFP Notícias (MG)
. Gazeta Regional (SP)
. Poços Entre Aspas (MG).

Obrigada à imprensa pelo espaço, por permitir que tais reflexões sobre a área de Educação estejam à disposição dos leitores.

Disponibilizo abaixo o texto na íntegra:

RETROCESSO PANDÊMICO NA EDUCAÇÃO

Para um país se desenvolver de forma sustentável, a educação deve ser prioridade, se sobrepondo às bandeiras partidárias, ideológicas ou mercadológicas.

As grandes mazelas no sistema educacional brasileiro foram objeto de inúmeras pesquisas para diagnóstico e soluções. No entanto, sabe-se que educadores e gestores se sentem impotentes diante de um sistema que parece fixar entraves para prejudicar os avanços educacionais.

Antes da pandemia, lutávamos para que o PNE 2020 (Plano Nacional da Educação) -- um importante avanço educacional na última década -- pudesse se tornar realidade. Embora grande parte das metas não haviam sido alcançadas, o Brasil caminhava neste sentido, apesar da defasagem histórica. Fiz parte do processo de elaboração do PNE de Guarujá e do Plano Estadual de Educação, e sei da relevância desse processo.

Diante de tantas adversidades e realidades tão distintas em nosso país, fomos surpreendidos com os desafios que o coronavírus nos impôs. Inclusive, no artigo “As crises da pandemia”, publicado em abril de 2020 (https://priscillamboniniribeiro.blogspot.com/2020/04/as-crises-da-pandemia.html), discorri sobre como um vírus poderia transformar tão repentinamente nossa realidade e, naquele instante, não imaginávamos quantas perdas nos afligiriam, tudo o que passaríamos desde então.

Cerca de 1,5 bilhão de estudantes em todo o mundo foram impactados com o fechamento das escolas no ano passado. Educadores, gestores, alunos e famílias precisaram se reinventar, utilizando diversos recursos para conectar alunos com o conhecimento. No entanto, a falta de acesso à internet, os níveis diferentes de suporte familiar, as desigualdades sociais e de vulnerabilidade resultaram em barreiras de exclusão.

Segundo estudos citados no 2º Relatório Anual de Acompanhamento do Educação Já, da organização Todos pela Educação, há previsão de que a pandemia trará perdas de aprendizagem, prejuízos ao desenvolvimento estudantil na educação básica, aumento de evasão e redução da escolaridade, entre outros impactos. É imperativo considerarmos outras demandas, como as questões socioemocionais por exemplo, que ampliam a necessidade de um olhar atento.

É preciso resetar nossa compreensão de educação, implementar processos avaliativos que indiquem o desempenho do aprendizado e colocar em prática metodologias para a recuperação dos conteúdos e competências. Conhecendo o passado e entendendo o presente podemos traçar novas diretrizes.

Não podemos deixar de acreditar na força da educação, porém, sem estabelecê-la como prioridade, será ainda mais impraticável priorizar medidas e estratégias para a retomada do curso evolutivo da educação em nosso país.

O maior desafio pós-pandemia será superar um déficit educacional composto, ou seja, um déficit pandêmico aplicado sobre um déficit educacional que já existia antes.

Priscilla Bonini Ribeiro é educadora, doutora em Tecnologia Ambiental, mestre em Educação e diretora-geral da Unaerp Campus Guarujá.
 
 


domingo, 18 de abril de 2021

Artigo: Retrocesso Pandêmico na Educação

Artigo publicado no jornal A Tribuna,
 edição de 18 de abril de 2021


Toda manhã acordo, agradeço, peço a Deus força, fé e sabedoria. Busco refletir sobre o intangível e procuro reavivar a crença na arma mais poderosa chamada Educação, num contexto tão complexo em que estamos enfrentando.

Em minhas reflexões creio que, para um País se desenvolver de forma sustentável, a bandeira da Educação deve ser prioridade, se sobrepondo às bandeiras partidárias, ideológicas ou mercadológicas. E convido você, caro(a) leitor(a), a refletirmos juntos sobre isso.

As grandes mazelas no Sistema Educacional Brasileiro foram objeto de inúmeras pesquisas para diagnóstico e soluções, porém, quantos educadores e gestores já não se sentiram impotentes, diante de um sistema que parece fixar entraves que prejudicam avanços educacionais?

Antes da pandemia, lutávamos para que o Plano Nacional da Educação 2020 – um importante avanço educacional na última década - pudesse se tornar realidade. Embora grande parte das metas não haviam sido alcançadas, o Brasil caminhava neste sentido, apesar da defasagem histórica. Fiz parte do processo de elaboração do Plano Municipal de Educação de Guarujá e do Plano Estadual de Educação, e sei da relevância deste processo.

Diante de tantas adversidades e realidades tão distintas em nosso País, fomos surpreendidos com os desafios que o novo coronavírus nos impôs. Inclusive no meu artigo “As crises da Pandemia”, em abril do ano passado, refletia sobre como um vírus poderia transformar tão repentinamente nossa realidade e, naquele instante, não imaginávamos quantas perdas nos afligiriam, tudo o que passaríamos desde então.

Cerca de 1,5 bilhão de alunos em todo o Mundo foram impactados com o fechamento das escolas no ano passado. Educadores, gestores, alunos, famílias precisaram se reinventar, e diversos recursos foram usados para conectar alunos com o conhecimento. Porém, a falta de acesso à internet, níveis diferentes de suporte familiar, desigualdades sociais e de vulnerabilidade resultaram em barreiras de exclusão.

Segundo estudos citados no Relatório Anual de Acompanhamento do Educação Já, do Todos pela Educação, há previsão de perdas de aprendizagem, prejuízos ao desenvolvimento estudantil na Educação Básica e ainda, aumento de evasão e redução da escolaridade, entre outros impactos. É imperativo considerarmos outras demandas, como as questões socioemocionais por exemplo, que ampliam a necessidade de um olhar atento.

É preciso resetar nossa compreensão de Educação! Implementar processos avaliativos que indiquem o desempenho do aprendizado, pôr em prática metodologias para recuperação dos conteúdos e competências. Conhecendo o passado e entendendo o presente, podemos traçar novas diretrizes.

Não podemos deixar de acreditar na força da Educação, porém, sem estabelecê-la como prioridade, será ainda mais impraticável priorizar medidas e estratégias para retomada do curso evolutivo da Educação em nosso País.

O maior desafio pós-pandemia será superar um déficit educacional composto, ou seja, um déficit pandêmico aplicado sobre um déficit educacional que já existia antes.


Priscilla Bonini Ribeiro - Educadora, doutora em Tecnologia Ambiental, mestre em Educação, diretora geral da Unaerp Campus Guarujá, ex-conselheira estadual de Educação, ex-secretária de Educação do Município de Guarujá, ex-presidente da Região Sudeste da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e ex-presidente da Undime São Paulo.